Neste primeiro momento, estou traduzindo apenas a minha história para o português.
Estou também disponível para todas as sessões fotográficas em português. As imagens falam mais do que as palavras.
E é com o coração aberto que estou aqui para te guiar nesse caminho.

Ajustes em andamento
Onde é o meu lugar?
Qual é a natureza das experiências neste mundo em constante movimento?
Essas perguntas me acompanham desde sempre, e evoluem conforme os ciclos naturais da vida.
A você que me lê, obrigada por dedicar esse tempo.

E se ainda não for o momento, ou se não houver ressonância, também te agradeço.
Tudo está certo assim.

Escrevo para ti, para vocês, para todos que caminham — com certezas ou em busca.
Escrevo com vulnerabilidade, nesse espaço de encontro, de si, de busca pessoal.
Aqui, é simplesmente presença, ser, amor.

O que ofereço aqui é a minha história.
Pela primeira vez, eu me entrego, me mostro e encaro minha presença através das palavras.
Todas as histórias são importantes.
E talvez, a minha ressoe com uma parte da tua.

A fotografia é o reflexo da alma — um caminho que revela tanto quanto captura.
Terra de origem, família de sangue e de coração
Nasci em 18 de maio de 1992, em Neuchâtel, na Suíça, sob o signo de Touro.
Cresci em Saint-Blaise, no cantão de Neuchâtel, até os 31 anos, quando decidi alçar voo para Lausanne, no cantão de Vaud.
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Meu nome, Santos Porto, une minhas raízes do norte e do sul de Portugal com um sotaque suíço bem presente.
Meus pais chegaram à Suíça em seus vinte e poucos anos. Como eles, aprendi a buscar meu lugar, a fazer ponte entre duas culturas, dois universos — além do meu.
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Infância sensível, olhares desviados
Desde criança, eu nunca me encaixei nos moldes. Hoje, ainda não me encaixo.
Menina que parecia menino, diferente, silenciosa e alegre ao mesmo tempo.

Tudo o que eu queria era brincar, rir e viver o momento presente.
Mas vinham as perguntas: a que grupo pertenço? Qual postura devo ter?
Sou menina, sou menino, sou os dois? Por que não posso usar boné?

Na escola, tudo era difícil — exceto o esporte e a cozinha.
Dislexia, aulas de reforço, leituras complicadas, disfunções escolares, diferenças culturais…

Frequentemente, me sentia demais, não amada, fora de lugar. Mas… onde era esse lugar?

Minha intuição, porém, sempre esteve presente.
Uma verdade inexplicável: a de uma humanidade diversa, única — e uma fé profunda na vida.
Até os dois anos e meio, fui cuidada pelos meus pais de coração, Tia Linda e Tio Zenel, enquanto meus pais biológicos passavam pelo processo de integração e trabalho.

Cresci também com o amor da minha irmã de sangue, Raphaëla, e das minhas irmãs de coração, Mélodi e Keily, além de duas almas queridas, Anaïs e Ricardo. Amo todos profundamente e serei eternamente grata.
Um acontecimento marcante abalou nossa família: a perda do meu irmãozinho, levado por uma meningite no quinto dia de vida.
Desde a infância, aprendi a viver com enxaquecas crônicas, alergias graves e crises de ansiedade.

Esses primeiros anos moldaram em mim um olhar terno para o mundo, uma hipersensibilidade e perguntas profundas:
Onde é o meu lugar? Quem sou eu? Qual é o meu papel aqui?
O corpo, os gêneros, os começos de mim
Na adolescência, tudo se intensificou:
O ensino médio, as escolhas de vida, os primeiros amores, os desmaios, as crises, as dores intestinais, as tentativas de ser “boa aluna” ou “feminina”, e a busca por mim mesma.
No meu primeiro dia de liceu, vesti as roupas da minha mãe achando que isso faria de mim uma mulher.

Mas meu corpo falava mais alto que minhas palavras — palavras que eu ainda não sabia usar.
Um dia, fui expulsa do colégio no 3º ano, por “motivos de saúde”.
Injustiças, questionamentos, perguntas de vida.

Minhas luzes de vida, essas nunca me abandonaram:
A fé, o esporte, os amigos, as festas, as risadas, as viagens…
A vida vivida em alta velocidade, em todas as direções.

Setembro de 2010.
Conheço meu primeiro amor, Alexandre — bem alcoolizada na tradicional Fête des Vendanges de Neuchâtel.
Uma alma que me mostrou o amor próprio que eu ainda não conseguia viver ou receber.
Sou grata por ele ter me mostrado esse caminho. Nunca o esquecerei. Desejo-lhe amor, alegria e saúde na sua vida em família.
Aprendizado, formação e descoberta da minha orientação
Em 2011, começo meu aprendizado como assistente administrativa.
Conheço minhas “Dindes” — amigas, referências, porto seguro.

Minha vida era cheia: esportes, estudos, amigos, viagens, fugas e dores.
Conquistei meu diploma profissional com maturidade, entre Saint-Blaise e Porrentruy, em meio ao cansaço, à alegria e à busca constante.

Mas continuava me perdendo no “fazer” — e meu corpo seguia gritando.
Após o aprendizado, entro na HEG (Escola de Gestão), conciliando com trabalhos de estudante.
Planos para o futuro? Nenhum. Seguia o fluxo.

A HEG não me deu um diploma, mas me deu uma revelação:
a minha homossexualidade.

Foi uma descoberta difícil para mim — muito menos para quem me amava.
Meus amigos e minha família me acolheram com amor, escuta e respeito.
Demorei a me aceitar. Mas hoje… estou em paz.
O despertar através da fotografia, Covid, formações holísticas e hipnose
Antes da pandemia, minha vida era uma corrida:
Trabalho integral, estudos de marketing, esporte, festas, noites em claro, corpo gritando, caos familiar…

A fotografia sempre esteve presente de forma discreta, pelos celulares.
Mas em 18 de maio de 2018, no meu aniversário, ganhei uma Nikon D7000.
Um presente. Um caminho. Um reencontro.
A fotografia me ensinou a desacelerar, sentir, observar, criar, compartilhar, descobrir.
Ela se tornou meu espaço de conexão — comigo e com o outro.
Um instrumento de cura, de presença, de amor.

A fotografia é um caminho, não uma técnica.

É um momento. É agora.
A fotografia, um caminho evidente
Outubro de 2022.
Participo, como apoio, do meu primeiro workshop foto-humano, ao mesmo tempo em que retomo um emprego de 50% como secretária no cantão de Vaud.

O futuro começa a se desenhar.

Nesse workshop, encontro o amor, a evidência, os projetos que dariam forma à minha vida.
O renascimento através do esgotamento e da mudança para Lausanne
Início de 2023.

Black-out de uma noite.

Vida social ainda muito ativa.

Corpo que fala sempre… e que eu escuto pela metade.

Começo a mudar o que me é possível.

Mas continuo fugindo, fugindo, fugindo...

E então... vem a depressão viva e consciente.

Por mais difícil que tenha sido, me senti viva e morta ao mesmo tempo.

Renascia, no meu ritmo, de um jeito novo — pela primeira vez na vida.

Pela primeira vez, cuido de mim com seriedade.

Não parei.

Desacelerei.

Busquei equilíbrio.

Meu sonho de mudar para Lausanne se apresentou.

Continuei rindo, chorando, sobrevivendo.

Enfim, eu existo. Eu sou.

Mas ainda era cedo demais.
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A fotografia sempre esteve lá.

Deixo minha antiga vida.

Mudo para Lausanne, onde o amor me abre todas as portas.

Pela primeira vez, estou frente a frente comigo mesma.

No novo.

No silêncio.

No novo-eu.

Eu curo. Eu amo.

Eu vivo.

Minha intuição sabe. Ela me guia.

Ela é minha fé.

Minha vida.

Agradeço, mais uma vez, a todas as almas que estão — ou estiveram — presentes.
Renascer em si, independência e retiro meditativo silencioso
Alguns meses em república.
Demissão.
Novo emprego de 50%.
Nova demissão.
Chômage.

E a fotografia… sempre presente.

Descobrir.
Sair.
Equilibrar.
Cuidar da minha saúde.
Me cercar de pessoas.
Estar no presente.

Março de 2024: me mudo para viver sozinha.

Descubro o silêncio.
Descubro o enraizamento.
Descubro que posso estar lá por mim.

Descubro também o equilíbrio — e o desequilíbrio — entre vida pessoal e profissional.

Reconheço padrões antigos: querer fazer tudo… e não estar em lugar algum.
Mas agora, em consciência.

Hoje, me sinto bem comigo mesma — mesmo com alguns padrões antigos.
Me redescubro. Enfim, eu vivo.

Não me questiono tanto sobre o futuro.
Quero apenas ser e fazer o que vibra, sozinha ou acompanhada.

Em outubro de 2024, torno-me oficialmente fotógrafa independente.

Pela primeira vez na vida, sinto o chamado de pausar.
De buscar a paz.
De viver o presente.
De encerrar simbolicamente o que foi — para escrever a nova vida.

Dezembro de 2024, participo do retiro Vipassana.
12 dias de silêncio profundo.

Não entrarei em detalhes.

Mas ali, vivi a paz, no meio da dificuldade de tudo que emergiu.
Foi ali…
Que encontrei a mim mesma.
A vida.
A paz.
O amor.
A gratidão.

Desde então, observo a vida com outros olhos.
Tudo muda o tempo todo.
Tudo é impermanente.

Desde minha chegada a Lausanne, com essa meditação e tudo o que vivi…
me encontrei.
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Me encontrei sozinha — e por, e graças a vocês.
Hoje, eu simplesmente sou
Hoje, me reconheço.
Assumo com orgulho minha história através dos meus próprios passos.

Hoje, agradeço a todas as almas com quem sigo caminhando — e àquelas com quem compartilhei momentos.

Hoje, estou aqui graças a ti.
A vocês.

Hoje, te acompanho mais do que com uma câmera.
A fotografia é um caminho de vida.

Hoje, sejamos simplesmente nós.
E você, quem é?
Me conta a sua história.

Obrigada pela sua presença.
Obrigada pelo seu tempo.

Com amor & gratidão,
Jess

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